Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Meu amor

"Eu acreditava mesmo que o amor é o sangue do sol dentro do sol. A inocência repetida mil vezes na vontade sincera de desejar que o céu compreenda. Eu acreditava que se levantam tempestades fragéis e delicadas na respiração vegetal do amor (...) Eu acreditava que o amor é o sentido de todas as palavras impossíveis"

José Luís Peixoto, Uma Casa Na Escuridão






Abraçar as tuas palavras e ser-te no seu significado, no expoente máximo do desejo sublime que surge nos nossos olhares condensados pelo tempo, perpetuados num futuro sem destino que vagueia entre o desconhecido e o incompreensível, o amor transcrito em dor esperançosa que busca na vida a sua salvação.
Encontro-me em ti sempre que és tu quem vagueia pelos meus sonhos, quando o teu rosto é desenhado no meu pensamento, és tu meu amor, és tu quem contempla o meu horizonte. Por momentos, chego a achar-te o meu futuro, o ar que respiro quando a paixão me sufoca com tamanha emoção, és tu o meu alimento, a minha sede, a sobrevivência guardada no peito sempre que me encontro perdida no deserto gelado que sou, o frio eterno que me torna gelo. És a minha chama, o fogo que se alastra pelo meu corpo e me torna cinza da tua alma, uma impressão inscrita no teu coração, tatuada pelo amor eterno que busco em ti, a resposta que procuro nos teus lábios harmoniosos que citam espaços vazios, frases viciadas que me condenam a não poder compreender-te por mais que saiba por que caminhos te encontras, os tesouros que guardas na alma, o desejo que te queima suavemente na minha espera.
Quero dizer-te tanto mas é tão pouco o que consigo, o amor é impossível nas palavras, nos verbos que tento aclamar, o meu amor é inconcretizável nas letras que se perdem na atmosfera para lá de mim, a barreira que se constrói em torno de nós e do mundo, a parede que nos cinge e nos torna um só, o oxigénio cingido a nós e aos nossos peitos: eu a respirar-te, tu a respirares-me, nós sendo um mundo à parte, um universo paralelo que busca no vazio o seu caminho, o seu lugar.
Diz-me mais uma vez, a derradeira, a última de todas as alturas em que a tua voz foi ignorada, nos espaços em que apaguei a singela melodia que te acompanha, chama-me, o meu nome, cita-o dentro do coração incansavelmente: um vocativo perdido na tua alma que me torna eterna em ti, um eufemismo que acalma o teu corpo e te sorna novamente sublime, sublime, sublime.



2 comentários:

espírito crítico