A meia noite chega e traz com ela a dança das chuvas que contemplam o nosso coração que escreve lentamente a nossa história de amor. É o final deste dia, o termo do nosso mundo, que me afoga nas águas que suavemente deslizam e percorrem o meu rosto decorado pelos teus olhos. O nosso corpo, fusão de duas almas segregadas pelo destino traçado pela vida, embala ao compasso da música que nos envolve, as nossas mãos cingem-se à nossa pele, o nosso toque harmonioso ecoa no espaço infinito que invade o nosso horizonte e, mais uma vez, eu unicamente me perco em ti, em tudo que em mim és, os teus pedaços que para mim são tudo, a perfeição inscrita nas tuas expressões, as linhas que desenham a tua figura, tu, és o tudo que me perfura profundamente - dor, uma dor agonizante, um amor avassalador que me fere apaixonadamente.
Tão perto, quase sinto a tensão que deixas no ar, a concentração de paixão que te envolve, atmosfera quente que me cega, neblina que mergulha em ti e te faz uma impressão do céu que vislumbro, o paraíso que caminha em minha direcção, avançando à medida que mata o meu coração.
Fomos perfeitos de mais, um laço que nos cingiu e por momentos uniu os nossos mundos opostos por natureza, calámos a voz da razão e unicamente demos ouvidos ao amor que voou em direcção ao infinito que pensámos um dia ter-nos pertencido. Hoje calo-te, a tua voz que a mim nada diz, pois é o meu coração em ti que canta a nossa melodia, a música que se constrói em torno da voz das nossas almas que citam o nosso nome em vão.
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