"Às vezes duvido da minha própria memória e pergunto a mim mesmo se apenas serei capaz de recordar o que nunca aconteceu.
Marina, levaste todas as respostas contigo."
Carlos Ruiz Zafón, Marina
Pergunto-me quem sou, um sopro de incerteza abala a minha verdade, destrói todo o castelo de cartas que foi então a vida que um dia pensei pertencer-me, o tesouro que achei guardado entre as mãos seladas. Formou-se pó, réstias de cinzas de uma chama que surgiu do nada, sem avisos ou saudações. Ardeu, queimou-me a pele e toda a alma que me contemplou, sobraram impressões de uma outra era, de uma idade que hoje não perdoa nem vive, uma sombra carregada de escuridão que busca no futuro a luz esquecida pelos seus olhos cegos pela velhice do tempo.
Uma palavra sobrevive, ecoa no meu ouvido, transformou-se em mais do que um som, uma acústica de fundo na minha vida, tornou-se a minha máxima, caminha comigo pelo já conhecido, vislumbra através do meu olhar os sonhos que um dia cultivei no chão do meu mundo, os que floriram hoje são uma bela flor, um jardim imenso que enfeitiça corações e espíritos vagabundos, guardam nele a visão de um novo horizonte, um lugar melhor para aqueles que acharam a sua esperança morta . Os que desvaneceram, que preferiram lançar-se no abismo da ilusão, hoje contaminam-me com inseguranças, medos que um dia não significaram nada e que agora são quase tudo.
É a tua voz que me resgata, os teus eufemismos pacificam a minha alma que sangra de falsa dor e os teus olhos, as safiras que um dia encontrei no virar da estrada que é o meu destino, hipnotizam o meu espírito, guiam o meu coração no incerto. Fazes-me caminhar ao longo do desconhecido por entre frases e sentimentos que nunca vira ou sentira até então. Dás-me a conhecer um mundo novo onde tudo é possível e é nele que até nós, um oceano de contradições, podemos contemplar o paradoxo frontalmente, admirando cada traço, cada contraste, o simples preto no branco que um dia duvidámos poder abraçar e fazer dele o alimento para a nossa ânsia de paixão.
Deste-me a permissão de te amar, de descobrir e adivinhar os teus pormenores, os leves traços quase invisíveis que desejei sentir e tocar, os teus pedaços que guardas no bolso do teu imenso segredo ao qual só eu tenho acesso, ou apenas a parte dele, ninguém sabe, nem eu nem tu, apenas o teu subconsciente que te cinge os movimentos e a vontade de me amar.
Durante a vida procurei sempre questionar tudo, pôr em questão a essência de todos aqueles que se atravessam no meu caminho, duvidar até mesmo da minha própria certeza. Construí com todo este mar de dúvidas apenas inseguranças que se acumularam no baú que guardo no fundo do peito, uma pequena caixa sem fundo semelhante a um poço sem destino, onde despejo tudo aquilo que escondo do mundo, toda a escuridão que sou.
Hoje, mais do que nunca, procuro apenas respostas, justificações para a atmosfera de suspanse que deixas no ar. No fundo, quero apenas poder um dia compreender as tuas fugas inesperadas do meu coração, no qual tatuas como adeus umas simples reticências.
Talvez não te lembres como nos conhecemos, a praia como palco da nossa primeira troca de palavras, a tua mente divaga e arrasta com ela as recordações de tempos longínquos, desmembrando-a, tornando o teu passado apenas um rascunho do que foi na verdade. Não sei por quais lugares andas neste momento, quais saídas escolheste para nós, apenas espero não voltar a ver-te, não desejar-te da forma como desejei sentir-te na última vez em que me tomaste nos teus braços e me fizeste tua como sempre fizeras antes. Quero poder olhar para trás e ver o que foi um dia nosso apenas algo que já não me pertence, como todos os objectos que fiz questão de oferecer aos que a mim são queridos como uma lembrança da minha presença nas suas vidas. Mas, serei eu capaz de algum dia poder abdicar de todo o sentimentos que depositaste em mim? Terei eu total poder em toda a nossa história?
A vida é incerta, todo o dia que se abre por entre as nuvens que voam sem rumo é uma incógnita, um futuro ainda por escrever, e o nosso amor é apenas uma das suas interrogações, uma página que avancei na pressa de chegar até mim, ao que sou hoje sem ti.
Oi, Daniela...
ResponderEliminarMuito bom o seu blog, suas idéias e seu bom gosto. Parabéns pelo trabalho.
Estou te seguindo.
Beijos no coração,
EDU (http://edurjedu.blogspot.com)
'A vida é incerta, todo o dia que se abre por entre as nuvens que voam sem rumo é uma incógnita, um futuro ainda por escrever, e o nosso amor é apenas uma das suas interrogações, uma página que avancei na pressa de chegar até mim, ao que sou hoje sem ti.'
ResponderEliminarDaniela as tuas palavras fasinam-me, é única a maneira como escreves. As tuas palavras carregadas, as tuas frases densas de emoções, a escrita levada ao auge de perfeição. Se há alguém que eu acho que escreve bem, esse alguém és tu. Acho que é única a forma como poetizas os sentimentos, como fazes chegar as sensações a quem lê, o teu blog é fascinante!
Admiro a tua força, a consistência dos teus sentimentos, é como que a prova viva de que há coisas que nos marcam e que não se apagam do nosso coração.
Um beijinho +.+ adoro o que escreves *
gostei realmente do que li.
ResponderEliminarum beijinho virtual
"No fundo, quero apenas poder um dia compreender as tuas fugas inesperadas do meu coração, no qual tatuas como adeus umas simples reticências."
ResponderEliminar-acho que disseste tudo. adoro a forma como escreves, tens o dom de pôr nas tuas palavras, os teus sentimentos e quando se lê um texto teu, nós/leitores sentimos um balde de sentimentos e emoções a arrepiar-nos a espinha!*
Gostei muito, continua a escrever. Vou tornar-me tua seguidora :)
ResponderEliminarBelo texto gostei bastante ;)
ResponderEliminarVou seguir :)
o texto esta bom e tu sabes disso, nao precisas que to digam :b
ResponderEliminarzodiac ? grande escolha
esse poema do pessoa ? grande escolha
nothing else matters ? wow