Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Na loucura de ser o que não se é

"Meu amor está perto
vejo-o correndo para mim
só que eu não sou certo
vejo-me correndo para o fim."

Manuel Cruz, "O amor está perto"




Enfrentei hoje o azul do céu, aventurei-me mais longe e ousei descobrir o infinito, o vácuo que impera no meu coração solitário, negro de saudade, acorrentado a memórias de tempos incertos entrelaçados aos sonhos que um dia desenhei numa promessa de um futuro perfeito em que tudo sorriria para nós. Voltei ao início, revi cada gesto, cada palavra dita na inconsciência de um olhar, as mentiras que suavizavam o teu discurso, camuflando a dura realidade que sempre foi o nosso chão nos tempos em que pisávamos a verdade com gosto e satisfação e abraçávamos a mentira, os desejos carnais e humanos, como se se tratassem da inocência de quem ama e deseja ser amado.

Ouvi murmúrios do passado, um tempo sem volta que se apaga à medida que avanço no espaço e me afasto do que um dia julguei ser. Ficou tanto para oferecer, tantas melodias para serem ouvidas nos momentos em que o amor nos consumia a alma e nos deixava sem nada, calejados pela dor de desejar tudo e restar apenas réstias de segredos ditos no expoente da loucura, sobrou tudo o que construímos em escassos encontros de alma, nas alturas em que os nossos coração se uniam e se tornavam siameses, um único ser construído por duas partes.
Bato à porta da tua casa na esperança de poder ouvir a tua voz, o fio condutor para o teu mundo onde tudo faz sentido. Nele nada mais importa a não ser nós e a história que escrevemos ao compasso da tua melodia. A fortuna, a carreira, o futuro no horizonte são meras utopias que desvalorizamos na esperança de podermos saciar o amor que nos contamina o ser, tornando-nos ninguém, nada, nada!
Faço de conta que te ouço, respondo-te sem me ouvir, o que digo? A razão falhou, o meu diálogo é apenas um conjunto de palavras sem sentido, sem qualquer tradução, a intensidade do meu desejo é tão grande que me cala e enlouquece, onde estás? Para onde foste?
Hoje vejo que não fez sentido para ti, que tudo não foi mais do que uma mera história de encantar que nos enfeitiçou os olhos e nos usou como marionetas da paixão. Gostaria de poder calar a verdade, mas ela finalmente acordou, deu às palavras o seu cruel sentido, tornou-se crua e real, algo que eu nunca fui capaz de ser. Quebrou-me em pedaços, partiu o cristal do nosso amor, o que um dia descrevi como inquebrável, indestrutível.

8 comentários:

  1. Que palavras. Não há muita gente que consiga emocionar-me com textos, mas os teus deixam-me à beira das lágrimas. Acho que as tuas palavras transbordam de emoção e consegues escreve-las muitíssimo bem. Gosto imenso do teu blog, desde que o li pela primeira vez, e tenho pena que essa história não tenha dado certo, é única a forma como escreves e eu acredito como sentes. Ou se não sentes, és uma excelente poeta, meu deus :$ beijinhos, força +.+

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  2. desculpa, não li. Estou muito cansada s:
    mas adoro o blog!

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  3. Restam pelo menos as memórias mais bonitas :) *

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  4. ler ao som desta música fica perfeito (:
    adorei *-*

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  5. Vai ao post de hoje (sábado) e vê, importante ! Obrigada :)

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  6. gosto vou seguir, escreves muito bem (:

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  7. gostei vou seguir, escreves lindamente!

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