Quando te amo

"Não sei de que é feito o amor, nunca descobri o seu segredo, mas sei que ando lá perto, que perto de ti, nos mais pequenos gestos, há uma espécie de amor que transpira no ar e transborda como uma onda e que me atira para aquele lugar perfeito que só existe no meu coração."

Margarida Rebelo Pinto

Sempre que te amo é surreal, como algo que me invade o espírito e me rouba uma peça do coração e a leva consigo, deixando-me incompleta, necessitando ainda mais de ti, acima de tudo aquilo que possuo, da tua pele perfumada, da tua impressão carregada, dos teus lábios húmidos, da tua alma por descobrir que me abre a porta e me mostra aquilo que és por detrás da figura que mostras ao mundo, do olhar sereno que aparentas deter, a força que na verdade se espelha em fraqueza, em sensibilidade de pétala e inocência de água cristalina.
É verdade que não podemos reconstruir fragmentos, os sentimentos encontram-se deformados, rasurados pelo tempo e dificilmente voltarão a ser o que foram em tempos. No entanto, o mundo ainda é nosso, com ele podemos desenhar um novo horizonte, um caminho traçado em que tu és a personagem principal do palco que é a minha vida, a letra da acústica da minha existência. Apenas preciso de ti, da tua mão, do teu compasso na valsa que é o destino para reconstruir uma nova história, construída por palavras, letras que transbordam sentimento, amor puro e paixão ardente que nos consome a alma e nos torna um só, almas tatuadas por tudo o que nos une e nos faz amantes.
Nada foi deixado por dizer, ambos sabemos aquilo que somos, o que guardamos no coração como tesouros valiosos, hipotéticos, que, no entanto, valem mais do que mil e uma riquezas, pois o nosso amor é a impressão do paraíso que somos quando unidos pelo destino, o incompreensível que apenas nós entendemos, que traduzimos em impressões marcadas no rosto que denunciam aquilo que possuímos no espírito.
És belo como o céu, como o sol, iluminas-me a alma e aperfeiçoas aquilo que sou. Fazes-me desejar-te como nunca, amar-te a cada gesto teu, querer-te de uma forma inexplicavelmente sentida, tornando-me um enigma em que tu és a resolução para a minha existência, para o amor que te tenho, esse que se esconde na penumbra que sou, fugindo de ti, nas frases ditas inconscientemente pelo coração desconsolado, magoado por tanta paixão e desejo.  
Ainda guardo a tua letra, reflexo de tudo o que fomos e que continuamos a ser contra todas as barreiras que se construíram entre nós. Encontra-se na gaveta, intacta como o sentimento que nutro, que nunca sofreu metamorfose, mantendo-se inquebrável como um verdadeiro diamante.
E tudo o que te consigo dizer é que as palavras não são ditas facilmente, são escassas e insignificantes, pois neste momento apenas te quero nos meus braços, fazer-te meu e confessar-te silenciosamente o que me transmites com a linguagem do olhar, o espelho da minha alma que cativaste no teu ser no dia em que me roubaste o coração. 

Daniela