Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Ontem, hoje e amanhã



Hoje deslumbrei as minhas mãos gastas pelo tempo, marcadas por todas as vivências da minha existência. Olho o reflexo do meu olhar espelhado que reflecte o nada, algo sem contéudo ou noção. Em cima da montanha de mim mesma, descubro o infinito, o longínquo que se atravessa a meus olhos e me dá a conhecer o futuro que irá ser citado e escrito.
Desço por entre os caminhos que já conheço, que eu mesma desenhei, eles levar-me-ão ao amanhã, aquele que eu aguardo serenamente, sem pressas nem exitações, nada o vai travar, nem mesmo o hoje, muito menos o ontem que já se apagou a ele mesmo. Encontro uma casa de paredes de um branco sujo, antigas, cicatrizadas pelo tempo, rasuradas pelas expressões que lhe dão vida, a velhice que as acompanha. A porta encontra-se entreaberta, a fechadura não existe, trata-se de uma passagem para aquele universo, paralelo ao nosso mundo, longe de toda a realidade e verdade, lá se faz o hoje, a fantasia e o concretizar de todos os sonhos que não passavam disso mesmo, de meros sonhos criados pelos nossos espíritos sonhadores. Calco a calçada do jardim seco, quase extinto. As folhas encontram-se enconstadas a um muro, mortas pelo tempo, calcadas pelos pés do passado. Espero um minuto, fecho os olhos, a escuridão invade o meu ser e por momentos posso ouvir a acústica da natureza, que caladamente canta, divagando histórias de vida e melodias de amor. De novo em mim, passo a passo, alcanço a entrada para aquele mundo escondido entre quatro paredes que se deterioram lentamente, que denunciam o fim, o futuro prestes a se concretizar.
Ao entrar, observo tudo o que lá se encontra, percebo que ultrapassei a linha limite, que vi mais do que aquilo que era suposto, todas as lições que um dia a vida me poderia ter dado, de nada agora servirão, pois tornei-me conhecedora da outra face da vida, do inimaginável, do inconcretizável, que afinal pode ser possível, basta acreditar e sonhar, dar vida a todas as fantasias que me fizeram um dia criança e que me acompanharam durante toda a minha jornada, até hoje que me faço adulta, mas que no fundo continuo imatura, nova de mais para enfrentar a realidade, uma verdade que não aprendo a aceitar, que não me submeto nem me torno sua submissa.
Em mim guardo heróis, reis e deuses. Os guerreiros calcam o meu coração que faz de seu chão e desafiam a minha alma que faz de seu céu. Os sonhos são cultivados em mim, crescem em meus olhos, vivem em meu sorriso e morrem em minhas mãos, aquelas que um dia tentaram agarrar o teu coração, a nossa alma.
Agora abandono esse mundo, o mundo do surreal, que rejeita a realidade e se baseia em fantasias, nunca olhando para a verdade verdadeira, agarrando-se à sua, àquela que ele deduziu ser o reflexo da certeza absoluta. Nada me prende a todo este universo perdido em reflexões e sonhos, tudo um dia irá desaparecer, no momento em que as mentes acordarem e a ignorância se for.
O amanhã chegará, eu sei, apesar da incógnita permanecer. Ninguém me dirá para parar onde não há paragem para se fazer, pois a vida corre, o tempo foge, envelhece e as expressões nascem, um dia novas, no outro envelhecidas por nós, por nossos rostos cansados da realidade e da fantasia.

6 comentários:

  1. boas amiga..a viajar a viajar vim aqui parar ao teu cantinho que por acaso bem quentinho...
    ao ler este texto vi que tambem tenho um com o mesmo titulo e que se calhar vais encontrar semelhanças

    deixo te o link e virei aqui mais vezes espreitar o teu

    bjbj

    http://zionpavillion.blogspot.com/2009/10/hoje-achei-um-ceu-azul-em-cima-de-mim.html

    ResponderEliminar
  2. escreves mesmo bem :O
    adoro o teu texto, amo o teu blog, sou viciada $:

    ResponderEliminar
  3. Que texto +.+
    Gosto imenso da maneira como escreves , todos os pormenores, todas as descrições , perfeito , diria (:

    ResponderEliminar
  4. É isso mesmo. Esforço-me mesmo e depois sinto que o meu esforço não foi compensado! Os outros ficam: 'Como é que te podes queixar com uma nota dessas?' Tipo para os objectivos que tenho aquela nota não dá pra nada ! Tem sido uma loucura! Cada vez que estou a fazer um teste, a estudar pra ele ou qualquer coisa do género sinto que a ter a consciência tranquila de que dei o meu melhor não chega! Já me foi provado que isso não é suficiente. Espero bem que sim, estou a esforçar-me bastante para isso.

    Oh só disse a verdade ;)
    beijinho *

    ResponderEliminar
  5. Eu digo o mesmo : adoro vir aqui rapariga ;)

    ResponderEliminar

espírito crítico