Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Silêncio de um gesto

"Esquece o que eles dizem sobre um grande amor
Quem podia mais querer-te como eu
Nada que acredite conseguir mostrar pois é algo teu"

Manuel Cruz





Tentei dizer-te o que nem mesmo eu compreendi, dar uso às palavras que não encontrei por entre o mar de paixão em que nadávamos rumo à inocência de um olhar apaixonado perdido na imensidão de tudo o que éramos, uma fusão completa de pureza sublime, mesmo antes de me teres desfeito e me tornado pó por um momento, cinza de algo que ardeu sem ser compreendido ou interpretado, um sentimento magoado, limado pela dor de se ver partir, morto pelo tempo, vivo na esperança de um gesto.
Sigo os teus passos ao longe, és como uma pequena cicatriz que fere levemente a minha pele e te torna meu, uma porção do teu passado onde me vês, onde sou eu traduzida em pequenos momentos de cumplicidade e paixão, um sentimento que nos gela aos poucos, que nos paraliza sistematicamente, sempre que a imagem de nós nos invade o pensamento e nada mais resta, apenas eu e tu, uma simples impressão do que um dia conseguímos ser. Ao ver-te desta forma, somente como uma personagem do meu passado, entristeço aos poucos e tudo o que sinto desvanece, desaparece, pois mataste tudo o que eu tinha para ti, destruiste tudo pelo qual tu mesmo lutaste com uma acção, um monólogo que te tornou ninguém para mim.
Por ti um dia achei-me capaz de tudo, tornei-me algo que julguei não poder ser, contigo senti o que unicamente foste capaz de me fazer sentir, um misto de sensações de intensidade inexplicável: o coração a doer, a bater de força, a doer, a respiração a falhar, a doer, o teu toque quente na minha pele gelada, a minha alma a doer, o teu olhar como chamas que me queimam silenciosamente, o meu corpo a falhar por tanto amor que te tenho, eu a apagar-me subitamente, e tu ali como a resposta para tudo o que um dia quis.


E eu unicamente penso: como quero poder não te querer.

3 comentários:

  1. tu escreves de uma forma, juro que gostei tanto deste texto. Só a frase de inicio prende logo :)
    beijinhos *

    ResponderEliminar
  2. Adorei, Daniela!!! Lindo...

    ResponderEliminar
  3. continua a escrever, adoro os teus textos :)

    ResponderEliminar

espírito crítico