Izzie Stevens in Grey's Anatomy
A verdade é que nem sempre sabemos quais são os nossos dias, aqueles que aparecem inesperadamente, disfarçados pela monotonia e que depressa moldam a nossa vida, num espaço de momentos transformam-na de tal maneira que já nem reconhecemos o passado como foi de tão rasurado que ele se encontra neste momento pela mudança. Somos incapazes de reconhecer a nossa alma gémea, a pessoa que foi delineada para ser nossa, para completar cada imperfeição, as cicatrizes abertas que procuram a pessoa certa para as sarar, o caminho para o nosso destino. Estamos tão cegos pela ignorância, pelo medo do sem destino, de voar para longe da vida, do mundo construído sob o olhar de todos os que nos rodeiam, que deixamos escapar o amor pelas nossas mãos, e quando ele se encontra fora do alcance do nosso horizonte, por milagre questionamo-nos se talvez aquele não terá sido o que procurávamos e que não vimos chegar, que não demos pela sua presença no nosso coração, o nosso verdadeiro amor.
Eu deixei o meu escapar com a imensidão do oceano, libertei-o da prisão das paredes do meu coração, neste momento flutua no infinito, fora do meu alcance. Não lhe sinto a presença, no entanto o sentimento, a emoção encontra-se latente no peito, como uma marca que não desaparece, insiste em permanecer à flor da pele.
O meu amor por ti assemelha-se a uma canção, a melodia que embala os nossos corpos cansados da distância, do espaço que nos afasta e que nos une por meros segundos inesperadamente e por vezes propositadamente. Inicialmente, é calmo, acalma-me e mostra-me um horizonte de sonhos e esperanças, longe do presente que hoje vivemos. É imperceptível, não o sinto e duvido da sua existência, mas, como o início de qualquer acústica, é vital, é ele que me guia para o essencial, a paixão, um abecedário de palavras sofridas e apaixonadas que transpiram amor e emoção.
Lentamente me cativaste, cada traço que sou hoje, como uma sombra assombraste o meu coração, tornaste-te na penumbra das noites de luar em que a brisa acalmava os nossos corações, o suor que nos percorria a pele de tamanho desejo. Nessas noites, nos momentos em que fui realmente tua, desejei que me amasses, que sentisses por segundos aquilo que guardava a sete chaves, o medo que o peito revelava envergonhado, os sonhos que desenhava nas folhas de papel dos cadernos que marcaram o nosso primeiro encontro, o início de tudo aquilo que somos ou que fomos.
Até que chega o refrão, um conjunto de frases ditas inconscientemente que revelam tudo o que as pausas das minhas falas guardavam, o amor que te tinha e que crescia lentamente, e que hoje me mata e corrói, como os raios do luar que um dia foram o nosso palco, a plateia de toda a imensidão do nosso amor e as revelações feitas ao sabor da paixão que respirava pela nossa boca, roubando-nos o pouco oxigénio que nos era possível respirar.
O fim chega inevitavelmente, sempre tão pouco desejado por uns, e a fuga de outros. Por vezes custa entender o seu porquê, gosto de prolongar o eterno mesmo sabendo que esse não passa de uma metáfora inventada pelos apaixonados. Gostava de te poder dizer que o nosso amor é eterno, infinito, mas o tempo é nosso inimigo, foge e deixa-nos carregados de rugas e impressões de uma vida corrida e pouco vivida. O nosso amor não foi diferente, gastou-se em segundos e hoje nada dele resta, pelo menos a teus olhos.
Eu calo-o, cativo-o no fundo do meu coração e assim que poder irei expulsá-lo como o fiz antes, não deixarei ficar-te no coração, contamina-lo com todas as tuas promessas ilusórias, as fantasias criadas por um sonhador, alguém que deseja tudo e que na verdade nem conhecimento tem do que é o desejo.
Nunca tentei encontrar a perfeição nas tuas palavras, qualidades que sabia que não faziam parte de ti, daquilo que és. Não imaginas o quão fantástico és, o que me fazes sentir quando passas sorrateiramente ao meu lado, o misto de sentimentos que me provocas com um olhar. Eu queria ter-te como és, todos os teus defeitos guardados na gaveta da qual só eu tenho acesso, dar-te a conhecer o desconhecido, os números e as figuras que contemplam o puzzle em que vivemos.
Diz-me que me amas, abraça-me mais uma vez, longe de promessas de futuro, eu preciso de ti agora, não amanhã. Volta como és, não temas, eu sei que não é fácil, mas ambos somos tudo, um tudo que apenas nós entendemos.
adorei este blog!
ResponderEliminare o texto +.+
escreves super-bem
ResponderEliminarGostei mesmo. *
ResponderEliminargostei tanto +.+
ResponderEliminarSelo- http://nemsempretudoecomonosqueremos.blogspot.com/2010/06/maria-deu-me-um-selo-feito-por-ela.html
ResponderEliminarAdoro.
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