Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Puro desengano, feliz certeza"

Hoje pisei a calçada do meu passado, caminhei a passos lentos e (re)vi tudo aquilo que um dia deixei para trás, que decidi colocar no meu "antes" e nunca mais de lá tirar, como todos aqueles retratos gastos que se encontram escondidos no fundo da minha gaveta, onde lentamente perdem os traços que um dia se reconheciam, que se viam que era eu, um ser inocente, de pureza desigual.
Reconheço pessoas que um dia fizeram parte do meu diário. Tão iguais, tão reconhecíveis, mas tão diferentes do ponto de vista de outrora. O mundo, aquele do qual me despedi, mudou, não estagnou à minha espera, não parou de viver aquilo que lhe foi destinado, afinal eu não sou o centro de tudo, muito menos do universo paralelo ao meu lugar, aquele que eu escolhi.

O abismo que desenhei, que criei no meu imaginário, entre o meu passado e o meu futuro por horas desapareceu, uma ponte se abriu e mostrou-me o caminho claro, iluminado pelas estrelas que completavam o céu escuro, de um negro lindo, que pouco conseguem ver. No entanto, tudo desapareceu, como o perfume do sujeito que um dia roçou em meu ombro, que me marcou com o seu profundo olhar e seguiu, sem olhar para trás, com a indiferença que eu aprendi a aceitar, e ao qual disse "adeus, a ti nunca mais voltarei a ver". Não acenei, afinal para mim não passou de um desconhecido, alguém que nunca falei, que nunca vi, mas que no entanto, com apenas um olhar o consegui conhecer como a palma da minha mão.

Nada aqui me prende, todas estas (re)visões a mim já nada dizem, não passam de personagens de algo que já não acredito, que já não faz parte de mim. Há coisas sem retorno, e o meu passado é uma delas!

E é na simplicidade, naquilo que já me pertence, que escolhi para fazer parte do meu destino que me revejo, que vejo o meu futuro e a quem dou a mão, a quem escolho depositar toda a minha esperança, aquela que um dia foi o meu veneno, a pena para a morte permatura da minha alma e que agora é a única coisa positiva que me resta.

Nada peço, não mereço recompensas nem destinções. Sou apenas mais uma que não reconheceu o inevitável, o fim de algo que pensamos ser interminável, do começo que nunca pensamos que um dia poderia chegar. Agora apenas quero desenhar-me, a mim, a ti, a nós.

6 comentários:

  1. O teu blogue fascinou-me. Gostei de tudo. O texto está perfeito , a musica, o 'sujeito poético' , gostei mesmo'$

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  2. as vezes tenho vergonha da sociedade onde vivo, ninguém é puro, ninguém liga aos sentimntos, apenas olham a sentimentos metalicos ! É vergonhoso :x
    Obrigada (':

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  3. é isso mesmo, criticamos, criticamos mas na verdade fazemos parte do grupo que tanto criticamos. parece que não temos outro caminho, outra escolha, é so mesmo isto que existe, ou somos assim ou somos assim, não há escolha!

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  4. gosto tanto dos teus textos ! *-*
    o meu blog, é recente . e ultimamente não me tenho sentido 'inspirada' a escrever , para publicar novos textos.
    és uma querida :)<3

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  5. obrigada pela opinião, a sério! tambem adorei os teus excertos todos mesmo. continua assim e força nisso ;)*

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espírito crítico