Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

palavras para quê?



O branco invadiu por momentos a minha mente, poluiu-a com ignorância, desespero e terror. As palavras fugiram, caminharam para o futuro, levando com elas todo o sentimento que permanecia à flor da pele, aquele que eu queria arrancar, aquele que outrora fora a minha vestimenta, tornando-me num corpo nú exposto à neblina da manhã, que teimosamente se concentrava no ar gélido.
A música vibra, estremece a minha pele adormecida que dança ao sabor do vento que corre. Os meus olhos já não têm força para avistar a figura que caminha na minha direcção, cheia de esperança e amor para dar, que ao contrário de mim se encontra viva e confiante. Sorri, tenta expressar toda ânsia de me ajudar, de me voltar a dar o incentivo para continuar a minha jornada pela vida. No entanto, ela não sabe que a mesma alma nos pertence, que se encontra fragmentada em dois seres desconhecidos, que ambos possuímos os mesmos medos, as mesmas ambições, os mesmos sonhos carregados de ilusão e fantasia.
Segurando-me, leva-me a conhecer a imensidão do oceano, o azul da paz que habita o seu espírito. Este apenas me traz medo, medo pelo infinito, pelo fim inquietante que me aguarda serenamente, sem pressas, pois ele sabe que um dia terá a sua oportunidade, a oportunidade de arrancar a vida que ainda resta ao meu corpo moribundo, doente de incompreensão e esperança. Sim, esperança! Pois é esta que me mata lentamente, que me faz esperar algo que já partiu, algo que o meu eu sabe que já não se encontra traçado no meu destino, que me alimenta o amor cravado no meu coração, que o aprisiona e que não o deixa seguir em frente.
Nada nos resta, estamos ambos os dois perdidos neste mundo, já nada existe, nada nos vais fazer mudar, nada nos vai guiar para o paraíso. O tempo consumiu-se a ele mesmo, desapareceu como as ondas que morrem a nossos pés, já não há nada para refazer, para tentar incutir.
Dou-lhe de beber as minhas lágrimas de dor para alimentar a sua sede de ambição e felicidade, mal ele sabe que todo o meu desgosto me torna sua cativa, prisioneira do seu sorriso que alimenta a minha esperança doentia que nasceu já condenada à destruição.

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espírito crítico