Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A diferença está na igualdade






"Tu, sujeito sem cor, detentor da palidez que lembra a neve que cai, que dança ao sabor do vento, seu companheiro e amante nas noites gélidas que acompanham o rigoroso Inverno, solitário e angustiado. Julgas-me por mostrar vida e cor, por quebrar regras e ideais, por mostrar o outro lado do mundo, aquele que com todo o esforço tentas esconder por entre os teus braços invisíveis, mortos pela angústia em que vives. Matas a minha doce esperança, o fruto de toda a convicção que detenho em mim, que me faz lutar por aquilo que realmente sou, igual a ti e a todos aqueles que dizes serem teus irmãos, sangue do teu sangue, pele da tua pele. Relembras-me os fantasmas do passado, os demónios que carrego em mim, descendentes dos meus antepassados marcados pela dor e submissão, mostras-me o lugar que me impuseste, que pensas ser o meu, só que no entanto é de ambos, pois somos o mesmo, homens imperfeitos com sonhos por concretizar e desejos por saciar, o que apenas nos distingue é a máscara que ostentamos, a cor que mostramos ao mundo em que vivemos. Os teus olhos reflectem a minha alma, a peça que completa o teu ser incompleto, pobre de espírito, que grita com toda a força ser algo que não é, que pensa possuir algo que não lhe pertence, a sabedoria de ser quem eu sou, apenas eu a detenho, é ela que me faz ser alguém superior a ti, que te olha sem inveja ou admiração, pois não passas de um ser igual em aspecto, inferior em alma.


Posso ser o nada, mas para mim serei um tudo, podes considerar-me a pedra no teu sapato, eu considerar-me-ei o céu da estrela que és, toda a beleza pode estar presente no teu rosto angelical, em mim estará marcada toda a convicção e admiração que sinto por mim, tudo aquilo que acredito ser. Nada do que possas considerar como certo se vai tornar na minha verdade, pois a realidade é outra, tu é que a tornas numa metáfora que espelha os dogmas que criaste para satisfazer a tua necessidade de superioridade e sede de poder e mérito."




Quem fala, não consente

4 comentários:

espírito crítico