Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

domingo, 4 de outubro de 2009

E vai ao sabor do vento...


Duas almas inscritas no mesmo ser, dois mundos perdidos na mesma órbitra, o universo dividido em duas galáxias paralelas. Tudo num nada, é assim que me sinto, é assim que me faço sentir. Nada aqui me diz aquilo que sou, o que represento. Mentiras aliadas aos sorrisos, palavras fictícias que embelezam sentimentos gastos, corrumpidos pelo tempo que se apaga ao sabor do vento.
Segredos violados, todos aqueles que um dia possuíram o nosso amor, os nossos momentos de paixão mortal. Hoje tudo foi largado à sua sorte, já nada sei, já nada lembro, os meus lábios encontram-se fechados, comprometidos com o silêncio que fizeram de seu aliado.
Ontem nada sabia, toda a ilusão decorara a minha realidade, pintara de cores que distraíram os meus olhos, o cegaram com a beleza de outros tempos. Hoje tudo foi pintado de negro, do escuro que um dia fui e que neste dia sei que continuo a ser, um indivíduo de nadas nem ninguéns.
Piso a terra que me viu nascer e que um dia condenará a minha existência, firo os pés que me mostram o caminho, o futuro, aquele que se encontra apagado, de quem não sei o rasto, nem sequer o cheiro. Aperto as mãos que um dia me deram a esperança, o toque da sua pele, do seu corpo abandonado, recolhido e moldado por mim. Sinto todo o suor a percorrer a minha pele lisa, suja do escuro da minha alma, impura por todos os erros que cometi e continuo a cometer, todas as hipóteses pisadas, machucadas, rasuradas, todas as esperanças sem final, com um ponto de interrugação à vista, solitário e sem destino. Nem o corrector o irá apagar, apenas vai torná-lo invisível a meus olhos e de todos aqueles que o olharão de forma apressada e quase sem atenção. Mas ele continuará ali, repousando no colo do meu coração, que batendo, lhe continuará a dar vida, aquela que já deveria estar extinta.
E eu já não te quero, abdico de tudo aquilo que sinto e senti, as palavras, acções, sentimentos e paixões. Não devo nem quero nada. A mim basta-me o presente sem a tua presença. No entanto, sei que a meus olhos apenas serás tu, aquele e mais ninguém. Por vezes, apagar aquilo que foi tatuado, cravado e condenado, é algo difícil de acontecer.

2 comentários:

  1. wow *o*
    escreves tão mas tão bem . Os teus textos são profundos , realistas , revejo-me nas tuas palavras +.+

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espírito crítico