Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A carta


A ti declaro todo o amor que me invade o peito, que influencia a minha reflexão, que me mata o ódio puro do Homem, que me faz ter forças para enfrentar as barreiras construídas e moldadas pelo mundo em que vivemos. Só a ti posso confessar todas as noites de pensamentos distantes, longe da Lua, perto da estrela que ilumina os nossos olhos, os nossos corações feitos de laços de união e sentimento puro, todos os desejos que construí, todos os sonhos em que foste o meu derradeiro final, aquele fim perfeito em que a felicidade é o culminar da nossa vida de personagens insignificantes numa história tão fascinante.
Permaneço com os meus abraços abertos, prontos para receber o teu corpo quente, que aquece a minha alma sedenta de paixão, o meu coração que ficou guardado no teu ser, como promessa da eternidade, do "para sempre" que tanto procuramos alcançar.
Olhando para trás, para o tempo que já se encontra escrito e guardado no grande livro das memórias da minha mente, concluo que foste a minha salvação, o antídoto para o meu sangue envenenando pelo egoísmo e auto-protecção.
Tudo o que preciso és tu, apenas de ti, de mais nada, de mais ninguém! Porque tu és a Razão, a Razão da minha existência, o universo onde me encontro, o mundo, o refúgio que procuro para seguir em frente, para fugir das trevas que se encontram à espreita, prontas para me resgatar e me tornarem sua cativa.
Dá-me a tua mão, ambos combateremos a destruição do nosso amor, ambos iremos enfrentar os nossos medos, ambos venceremos todas as etapas que se impuserem a nós, ao nosso sentimento.
O inferno consome os nossos corpos já mortos, já esquecidos pela humanidade. Mas as nossas almas, essas já embarcaram no futuro, na promessa de amor eterno que abraçamos, que juramos perante todo o destino que construímos.
Lá longe ainda consigo ouvir o eco das vozes que imploram o meu regresso, sinto as lágrimas percorrerem cada traço das suas faces marcadas pela tristeza e saudade. Mas é tarde, eu não quero voltar para algo a quem já não pertenço, já não há tempo para dizer adeus. Não te arrependas, eu estou aqui, dá-me a tua mão, vamos descobrir o que nos espera, aquilo que foi feito para nós, a certeza do nosso Nós, do nosso coração.
Olhando-te, entendo que fui desde sempre tua amada, que fui feita para te amar, para te desejar, para morrer nos teus olhos, para ser a alma que condenaste com o teu amor. Sorrio, pois a missão da minha vida está cumprida, amar-te com todo o meu coração, com todo o meu ser, com toda a minha alma. Fi-lo e voltarei a fazê-lo sem nunca me cansar, pois é a amar-te que me sinto realizada, que vejo a razão da minha vida neste mundo desconhecido para mim. Tens-me nas tuas mãos, elas refugiam-me do estranho, do mistério, daquilo que não conheço nem quero conhecer. Elas são o meu escudo, protegem-me dos meus medos e ilusões sem fundamento, da minha sede de felicidade e estatuto.
O mundo está em chamas, eu estou condenada a desaparecer por entre a neblina tóxica, cinzenta e mortal. As minhas lágrimas de ânsia e saudade são a única forma de me manter viva, de continuar a caminhar-me para a saída do fim que me espera. Recordo todas as palavras que ecoam na minha mente, todos os sonhos que me provocaste. Os meus lábios secam, as letras já não encontram saída, já não tenho forma de expressar tudo o que tenho por dizer, tudo aquilo que gostaria de ter dito outrora.
A escuridão aproxima-se, leva-me com ela, dá-me o conforto que procurei mas que não encontrei. Não temo, os pesadelos não me vão encontrar, esses pertencem aos céus que se fazem de nossos tectos e promessas de futuro.

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