Words are spaces between us

A alma está para lá das palavras, encontra-se escondida nas vírgulas que separam os sentimentos latentes nas frases ditas inconscientemente.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Abraçar-te-ei um dia


"Se ainda houvesse algo para dizer que eu ainda não soubesse, a mínima coisa que eu ainda não tivesse reparado, todo o mundo caíria a meus pés em minúsculos pedaços, incapazes de se encaixar e formar algo novo, talvez aquilo que vejo e vivo hoje. Se estas palavras que hoje existem, fossem as últimas a serem citadas, eu já teria todas elas escolhidas, todas aquelas que gostaria de dizer pela última vez, antes que a porta da minha expressão se fechasse, quando as sílabas que me tornam pessoa se tornassem minhas fugitivas.
Toda esta analogia para dizer-te que já não há nada para ser dito, tudo aquilo que há para saber, já te pertence, já faz parte do nosso, de tudo aquilo que há e haverá entre nós. Fecha as mãos, amarra-as bem forte contra as minhas, dá-me por momentos a tua alma, deixa-me matar a sede que cresce dentro de mim e que me faz temer mas desejar em simultâneo, eu apenas quero sacear tudo aquilo que pertence ao meu subconsciente, ao meu eu mais profundo e desconhecido.
O amanhã não existe, o ontem já se foi por entre as brisas que roçam em nosso peito, que nos provocam o arrepio que outrora apenas alguém me fizera sentir. O hoje é a única esperança, aquela que ainda reside em nossas almas que vêem no futuro a busca pela pureza e inocência apagada por todos os erros cravados em suas impressões.
E eu quero continuar a fazer-te sentir que continuas a pertencer ao hoje, ao ontem que já se foi e que continuarás a pertencer ao meu diário, à minha vida perdida entre muitas que se espalham por entre o mundo e se apagam sem se saber como nem porquê. A minha força reside em tudo aquilo que ninguém vê, que poucos sentem e que só eu sei que existe. E eu também sei que nada mais importa, que tudo está bem, porque tu continuas a pertencer ao meu hoje, ao meu futuro que se traça nas folhas de papel do tempo, guardadas nas gavetas dos nossos corações fechados a sete chaves.
E aguardas por que mais? Em silêncio morto, pés e mãos parados, aqui te espero, na imensidão do sempre, que passa lentamente, deixando para trás um rasto de felicidade e desgosto, de marcas e cicatrizes que nunca irão embora, que já fazem parte de nós, todos nós."


Poderás continuar a sonhar, a desejar tudo aquilo que desejas neste momento, mas todas as palavras se apagaram com a profundeza do oceano que se perde nas nossas almas, que nos alimenta e nos separa de tudo o resto.

1 comentário:

espírito crítico